sexta-feira, 10 de maio de 2024

Barrinhas apresenta nova linha Séries da Real Companhia Velha

Pedro (Real Companhia Velha), Rodrigo (Adega Santiago) e Rafael (Barrinhas)
Pedro (Real Companhia Velha), Rodrigo (Sommelier Adega Santiago) e Rafael (Barrinhas)

A Adega Santiago Asador e a Real Companhia Velha, ofereceram almoço harmonizado com a presença de Pedro Silva Reis, enólogo e membro da terceira geração da família proprietária da vinícola, para degustação da linha séries, projeto de recuperação de castas quase extintas na região do Douro. No Brasil, esses vinhos são importados por Barrinhas, importadora sediada no Rio de Janeiro, representada na oportunidade por Rafael Romano.

Sobre o Projeto Séries

Este projeto põe em evidência o trabalho de bastidores desenvolvido pela equipe de enologia e viticultura, através de um leque de mais de 30 castas autóctones (algumas perto da extinção) plantadas nas Quintas da Real Companhia Velha nos últimos 20 anos. Estes vinhos serão sempre ensaios onde são exploradas diferentes técnicas, castas ou abordagens que ensinam algo passível de vir a ser aplicado na  gama comercial.


Os vinhos da linha "Séries" integram a carta da Adega Santiago
Os vinhos da linha "Séries" integram a carta da Adega Santiago


A seguir as descrições e avaliações dos vinhos provados na prova denominada "Um novo Douro com uvas do Velho Douro": 



Dandy de Cidrô branco DOC Douro 2022 - Variedades: Malvasia Rei, Viosinho e Samarrinho - Álcool: 11% - Segundo o Enólogo Pedro Silva Reis, a Malvasia Rei é a mesma Palomino Fino da Espanha. Na taça, um branco de cor palha brilhante. Intenso nos aromas (melão, maçã), mas é no paladar leve, agradável, refrescante e de acidez vibrante que se destaca. Um branco marcado pela fruta de polpa branca, pelo cítrico marcante, pelo acento mineral, que termina limpo e macio, promovendo uma sensação de frescura na boca. Marcadamente leve, bom para beber enquanto jovem. Avaliação: 89/100 pts.


Real Companhia Velha Séries Donzelinho Branco DOC Douro 2021 - Álcool: 10,5% - 933 garrafas produzidas - A Donzelinho Branco é uma das castas mais exóticas e invulgares plantadas no planalto de Alijó. Caracterizada por um cacho pequeno, bagos pequenos e arredondados de cor verde amarelada, se beneficia do clima fresco e terrenos mais férteis para apresentar um perfil de Douro muito diferente do habitual. Vigorosa, essa variedade é um grande desafio à equipe de enologia da Real Companhia Velha. Na taça cor palha esverdeado brilhante. Aromas dominados por frutas tropicais maduras sobre um fundo mineral que se repete no paladar, onde a acidez ampla e a gama de sabores dão o tom. Leve, macio, seco e refrescante, termina persistente prometendo evoluir na garrafa. Avaliação: 91/100 pts.




Dandy de Cidrô DOC Douro 2022 - Variedades: Tinta Roriz, Tinta Francisca e Viosinho - Álcool: 12% - Um tinto "easy-drinking", novidade no portfólio da tradicional Real Companhia Velha, que cumpre bem o objetivo de atrair o público jovem para o consumo do vinho, por ser leve, fluído, refrescante, macio, acídulo, marcado pela fruta e pouco alcoólico, tudo com suavidade e leveza. Avaliação: 89/100 pts.



Real Companhia Velha Séries Rufete DOC Douro 2018 - Álcool: 13% - 4.266 garrafas produzidas. Considerado um tinto de intensidade, o Rufete extrai as virtudes de uma casta muito presente nas Vinhas Velhas do Douro mas praticamente em extinção, criando assim um vinho exótico de perfil muito fresco a assinalar um novo e inovador estilo de vinho no Douro. Na taça um vinho de cor intensa, aromas complexos a lembrar alcaçuz, mentol, fruta em compota sobre ligeiro herbáceo. Na boca, taninos macios, álcool integrado, acidez plena, enfim, um vinho bem feito, de boa persistência, sem arestas, com breve e imperceptível passagem por barricas de carvalho francês usadas. Avaliação: 90/100 pts.



Real Companhia Velha Séries Bastardo DOC Douro 2018 - Álcool: 13% - 3.000 garrafas produzidas. Bastardo, conhecida na França por Trousseau, é uma das mais conhecidas castas durienses, muito pelo fato de seu nome invocar algo indesejado e controverso. Para a RCV, a Bastardo (Tinta Pinheira) representa mais uma vez a paixão pela descoberta e inovação, através de um vinho intenso, elegante e muito frutado. Na taça, sua cor esmaecida chama atenção. Mas é nos aromas e no paladar que se destaca, principalmente por seus aromas, marcados por notas de morangos e de especiarias doces (baunilha). Nos sabores, a maciez dos taninos leves, a confirmação da fruta fresca do olfato, o estilo fluído, dono de um frutado evidente, evoca um bom Bourgogne Pinot Noir AOC, principalmente por sua delicadeza, elegância, classe e caráter. Tem um discreto toque de madeira (doze meses em barricas de carvalho francês usadas) que não incomoda. Se a Pinot Noir não vai bem em Portugal, a Bastardo cumpre bem o papel de ser uma alternativa viável à intricada casta francesa da Borgonha. Gastronômico, termina forte, impositivo e persistente. Avaliação: 91/100 pts.



Real Companhia Velha Séries Malvasia Preta DOC Douro 2019 - Álcool: 14,5% - 1.800 garrafas produzidas. A Malvasia Preta é uma das mais antigas castas do Douro, estando presente entre as Vinhas Velhas da região, embora nunca produzida como monocasta. Com um perfil distinto, alia-se a castas como Rufete, Tinta Francisca e Bastardo que apresentam perfis vínicos mais exóticos e elegantes, vivendo da intensidade e acidez, ao contrário do perfil estruturado e potente que o Douro habitualmente nos apresenta. A curiosidade que nos leva à experimentação com a Malvasia Preta, surge essencialmente pelo fato de ser uma casta original do Douro, estando presente na região e resistindo à condições agrestes do terroir. Na taça, um tinto de cor profunda, imponente, concentrada. No aroma, desponta o frutado generoso típico do Douro: frutas vermelhas e negras maduras se revezam com toques de pimenta negra. Na boca, o perfil é de um Duriense clássico: quente, de taninos presentes de excelente textura, acidez salivante, tudo com leveza e frescor, destacando a concentração de sabor que valoriza a fruta. Enfim, um tinto que explica o caráter varietal da Malvasia Preta: aroma, estrutura e potência com leveza. Revela ótimo entrosamento entre fruta e madeira (oito meses em barricas de carvalho francês usadas) e termina com longa persistência. Avaliação: 92/100 pts.+


Quinta das Carvalhas 50 Years Old Tawny Porto - Álcool: 20% - garrafa trazida de Portugal pelo Enólogo Pedro Silva Reis para ser provada ao final da apresentação das linha de vinhos tranquilos "Séries". Coloração topázio brilhante sem turbidez ou qualquer opacidade. Aromas exuberantes com ricas notas de nozes, café, marmelada, castanhas, resinas, frutos secos sobre um fundo amêndoado com ampla sustentação. Na boca é impactante, volumoso, redondo, cremoso, pleno, largo, profundo, vigoroso, glicérico, escorregadio, cheio de frescor (excelente acidez), concentrado dando a sensação de preencher e limpar o palato com toda sua plenitude e generosidade. Termina longuíssimo, interminável, pleno de harmonia, esbanjando finesse, classe, elegância e caráter. Perfeito no acabamento, impossível estimar a sua sobrevida na garrafa, mas deve suportar mais algumas décadas! Avaliação: 100/100 pontos


Quinta das Carvalhas Porto Colheita 1976 - Álcool: 20% - Coloração topázio acentuado brilhante sem turbidez ou qualquer opacidade. Aromas sofistificados, porém, com menos intensidade do que o Tawny 50 anos mas de similar complexidade: flores secas, marmelo, fruta passa, algum lácteo sobre um fundo a recordar nozes e caramelo. Na boca, taninos sedosos ainda em forma, doçura na medida certa com boa estrutura e vivacidade. O núcleo de sabor evoca bombom de licor e frutas confitadas, com uma maciez e textura sem inigualáveis. O final é prolongado, gostoso, marcado pela elegância e pelo prazer da degustação. Por estar bem equilibrado, ainda tem muita vida na garrafa pela frente. Avaliação: 96/100 pts.

Aqui os dois Portos "surpresas" da prova: vinhos para a posteridade, mas o ideal será desfrutá-los agora!


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